“CESTEIRO QUE FAZ UM CESTO...”

Produtores de cacau do sul da Bahia buscam na Ceplac conhecimentos para obter alta Produtividade.

Por dever de consciência para com a Ceplac e os meus colegas, queremos prestar um esclarecimento, pois, talvez seja a ultima vez que aqui nos manifestamos como militante extensionista, mesmo porque, diante das circunstancias institucionais vigentes, inexoravelmente, deveremos seguir o caminho da diáspora ceplaqueana da aposentadoria constrangida, ao invés de permanecer principalmente, enfrentando um quadro pessoal de restrições de saúde.

Nessa hora difícil da trajetória institucional da Ceplac, onde se misturam sentimentos de esperança e frustração, expressamos uma palavra de fé e realismo e, por isso mesmo, a nossa recusa a qualquer outra conotação. Falamos, já não diríamos em nome pessoal, pois é muito pouco trazermos aqui uma palavra pessoal para a importância desse momento, mas, uma palavra que traduza um pouco dos valores e dos princípios impregnados pela historia cinquentenária do extensionismo rural da Ceplac que, temos a honra, juntamente com os valorosos colegas ceplaqueanos, de fazermos parte.

Durante essa odisseia ceplaqueana, demonstramos qual era o nosso lado, não pactuamos com as manobras para liquidação da instituição, para o golpe contra a comunidade regional, contra os produtores e o segmento dos trabalhadores rurais muito menos, contra a autonomia e a importância estratégica nacional da cacauicultura do Estado da Bahia.

Sim, estamos na lista daqueles que não adotaram o silencio, que disseram não à prepotência, a falta de compromisso publico com a matriz institucional baiana e que tem absoluta crença na tecnologia do “manejo integrado do cacau de alta produtividade”, porque as lições que aprendemos com os mestres e pioneiros no percurso profissional de 47 anos na escola ceplaqueana, são indeléveis e reúnem outros pressupostos fundamentais para contribuir com o futuro melhor das pessoas.

Testemunhamos impotentes e desarticulados, no âmbito da Ceplac, sua transformação crescente num estado de inspiração, de métodos e de objetivos maquiavélicos.

Porque essa opção? Será que no cenário publico brasileiro inexistem alternativas ou estratégias administrativas de parcerias, de compartilhamentos, mais transparentes?

A dificuldade não está em compreender a utilidade da missão publica da Ceplac e, sim, em libertar-se das idéias estigmatizadas e dogmáticas de extinção do instrumental ceplaqueano, cuja orientação há muito tempo é gerada nos bastidores do MAPA e expele suas ramificações a todas as instancias cotidianas da gestão, contrariando seu papel histórico de definir as novas diretrizes e as linhas mestras para o desenvolvimento da cadeia produtiva do cacau com repercussão no contexto do país, do estado e da sociedade regional.

Prossegue o recrudescimento de iniciativas antagônicas ao processo de fortalecimento institucional, com ações incapazes de promover a adequação do aparato de estado aos requerimentos contemporâneos da sociedade.

Entretanto, o que assistimos beira ao surreal, a exemplo da proliferação de novas listas de auditores fiscais, desta feita, sob a denominação de “comunicado”, disponibilizando vagas nos estados do Acre e Rondônia, sugerindo a auto indicação e, estabelecendo prazo.

O curioso é que até os dirigentes estão inclusos, caso do chefe do Cepex - Centro de Pesquisas e Extensão Rural da Ceplac e do chefe do Sepec – Serviço de Pesquisas da Ceplac.

O que se pretende com Isso? Porventura, os referidos dirigentes não significam nada para o interesse público e o projeto da Ceplac?

Qual o foco e a prioridade institucional? E na hipótese de ninguém demonstrar interesse nessa transferência, afinal, o atrativo não é o Paraná, Rio Grande do Sul ou São Paulo. Qual a providencia? Administrativa convencional ou coercitiva para atender ao cumprimento da “meta” de quatro vagas? Talvez, seja uma tática perversa para manter todos nós acuados, sob pressão psicológica.

Aliás, a “alta direção” vai empurrando ladeira acima, aos trancos e solavancos, a sua agenda errática. Ora anuncia de maneira açodada e amadorística a substituição do dirigente regional da Bahia. Este, por sua vez, de forma ingênua, replica a versão em várias direções. O fato demora em ser concretizado, ganha novas versões, confunde e enfraquece a todos, a montante e a jusante.

Mas, no tema promessa, nos foi dito que em janeiro do atual exercício de 2020, o segmento da extensão rural aqui da vertente grapiúna da Bahia, seria contemplado com um debate qualificado contando com a presença da ANATER e do SENAR, inclusive com a captação de recursos para investimentos estruturantes no setor.

Essa informação alvissareira na verdade, foi substituída pela divulgação da famigerada lista do SEI – Serviços Eletrônicos de Informações, com a relação de transferência de quatorze auditores fiscais da Bahia.

Um fato porem é incontestável, nesse ciclo da Ceplac, as definições são oriundas do mesmo gestor, do mesmo comando, tem o mesmo perfil e o mesmo diapasão administrativo, como uma feira, um bazar de variedades, onde se mercadeja tudo, sem preocupações de preservar, de elaborar contrapartidas, enfim uma espécie de “lesa pátria” para a comunidade sul baiana.

À nossa região, à nossa gente grapiúna, à cacauicultura da Bahia, caberá as inspirações de inteligência da sociedade local para corrigir os equívocos que foram levados pelo destino de maus conselheiros e possam, com brevidade, colher os frutos do aprendizado que merecem suas legitimas esperanças.

Lembrando daquele velho adágio popular: “Cesteiro que faz um cesto...”

Sempre extensão rural, sempre Ceplac!

Roberto Setúbal

(Extensão Rural da Ceplac), Ilhéus, Bahia, 11 de fevereiro de 2020

Comentários  

# Edna Dora Luz 15-02-2020 14:44
Perfeito amigo Setúbal. O retrato legítimo dos lamentáveis acontecimentos da da atualidade. Nossa CEPLAC que tanto fez e faz por está região e pelo Estado como um todo sendo esquartejada, como o foi o maior herói da nossa história, Tiradentes, e após ser traída pelos que dela se beneficiaram e vampirizam agora os despojos.

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